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Gestando arti(sta)

Gestando arti(sta)

Alguém acordou
artes em mim;
era você…

Num dia qualquer,
como hoje.

Que transita,
que flui,
de jeitos
que aprendo…
Mesmo sem querer.

Vou fluindo,
ao meu modo,
me (re)descobrindo.

Não sou frio,
muito pelo contrário.
O que queima aqui
e não posso te dar…

Vira outra,
qualquer,
coisa.

Algo pra ti,
mas nem sempre…

A escrita já era
arte minha, pois…
Só não me sentia
artista.

Se é que eu posso…

Na Oficina de Mim,
repeti:
desejo(s) dos outros
não te guiem…

Nem os meus!
Mas estes, não sei,
talvez lhe confundam
mais que guiem…
Em meio a tantos
outros
desejos.

O que sinto
me joga, me empurra
pra outras coisas…
É a tua ausência.

KAE ME?
Agora eu viro
parede de museu…

Lá estou eu,
exposo em ave
olhando pra trás…

Ou como
Ouroboros,
diria Dona Fátima.

Firmo meu ponto
riscado,
ele é meio diferente
e diz,

sem palavras:
não parece,
mas você me
acompanha…

Ando por aí,
há trezenas;
ver é que é mais…
Complexo.

Faz parte.

A inteireza em mim
também é em ti?

Silêncio é bom;
o teu me confunde.

Salubá, Nanã,
me dê forças
até o amanhã.

Vou lá pros meus
refúgios
pra tocar, cantar,
desenhar…
Por você!

Parece
aprendi
contigo.

E lá fui eu,
quando menos
se espera.

Aquele espaço
nobre, branco

Nas sutilezas
que não vemos…
Ele é nosso, é preto.

E assim eu parei,
no palco.
Nasceu meu primeiro
monólogo!

Mas, às vezes,
parece que eu já
tava num,
contigo.

No palco,
sem corpos encarnados,
estava eu…
Fitando a plateia.

Gritei no lugar
mais importante.
Ninguém vivo ali,
tava um breu,
mas eu vi…

Muita gente ali,
tanto espírito…

EU GRITEI!

Aquele palco
meu, seu…
NOSSO!
Não deles…
Não deles…
NUNCA MAIS DELES!

E ali,
ontem-hoje,
choro também.

Pela potência
que é gritar sozinho
e ser ouvido…
Afinal, não andamos
sós.

Firmei-firme,
andei, pisei.

Os grandes mortos
daqui, artistas melhores
que eu, intelectuais,
pararam pra ver
meu monólogo.

Ele não durou 5 minutos…

Mas foi tão forte,
tão potente…

Te quero sentir,
e sinto
mais perto,
de novo,
quando aquilo
acabou.

Como se todo
rito de passagem,
por hoje,
fosse preparação
pro qu’eu num sei.

Mas as noites passam,
os dias…
Dúvidas sempre vêm,
mas elas continuam…
Teimosamente
suplantadas
por um amor;
amor-arte,
que é você,

Que eu pinto na parede,
primeiro,
que é pra me ver,
te ver depois.

Desenhei na parede
branca
e era pra ti.

Só depois
entendi,
me assumi…

Há dias eu sabia
Há dias eu sentia

Nascia um artista em mim,
gestado em ti e para ti, também.
Pronto: agora, me aceito mais.
Mas isso não parece que muda
nada…

Desejar teu corpo
é o último dos desejos,
de quem, pra variar
aprende a desejar
inteirezas,
mais que as não-sutilezas…

Ah,
o óbvio e a matéria
qualquer
humano vê.

Quando escrevo
pra ti, faço perguntas.
É interpelação,
né retórica, não…

Em outras artes,
talvez te possa dar…
mais que perguntas,
respostas de amar.

Gestando arti(sta)
https://oxlajujqanil.net/posts/gestandoartista/
Autor
Oxlajuj Q’anil
Publicado em
20/11/2022