Era 13 Etz’nab’, o rosto do dia;
mas, pra variar um cadim,
não é de mayas esta alegoria!
Já se foram muitos anos
desde que me pus a ler
obra cara aos italianos.
Não fui muito de literatura
mas, sempre do contra,
queria ler da mais dura.
Essa coisa de ficção…
Há de ser muito boa,
pra cativar o coração.
Era do meu pai, livro marrom,
mas, com texto em prosa,
pois, ia se perdendo o tom
e um pouco da originalidade
daquele clássico e medieval
texto, que eu lia pela cidade.
Ainda assim, cativado,
cheguei até o céu.
Marchava com meu cajado.
É verdade: o céu, apesar de sua grandeza,
não é tão interessante, e nem seduz,
como a poesia do limbo em sua destreza.
No céu, não adentrei muito.
Deixei pra depois,
quando sonhar fosse intuito.
É 13 Etz’nab’ outra vez,
o belo rosto do dia
em toda a sua altivez.
De novo, eu cá estou:
ainda co’ mesmOutro livro,
mas dessa vez tudo rimou!
Decassilábicos que me desculpem,
mas é com certa liberdade
que essas palavras se esculpem.
Nessun maggior dolore
che ricordarsi del tempo felice
ne la miseria; e ciò sa ‘l tuo dottore.
Nestes tempos de tragédia,
me pus a ler, em meio à maluquice (…!),
Dante em sua Comédia…
Inspirado na minha mais-que-Beatrice.
(para Marina, que se mantém leitora ávida com ou sem pandemia)