Atelerió!
Deixei Sankofa
na parede
e nos corpos
de duas maneiras,
dois jeitos
nossos.
Fui pros bastidores…
Camarins, mesmo…
Voltei!
Vislumbro
minha marca,
caminh(ao)
chamado
fisiológico
Logo ao
lado,
aquele teatro,
hoje cinema,
dizem…
Tão diferente,
moderno…
Quebrado!
Fechado pela
incompetência
dos vivos.
Porém, aberto.
É um lugar
que existe,
tem porta e
chave.
Uma as 7 chaves
talvez a tenha aberto.
Um corpo
sai vivente
do velho salão.
Desvio:
deixe-me ir,
preciso andar,
CORRER…
ver ali
como está.
Entro…
Caminho
até a frente,
o palco.
Olho pra trás.
Sinto, vejo,
quase não penso.
Por mais
que tantos coubessem,
Zero corpos
encarnados ali,
mas infinitos
corpos sutis…
Sutis como
o meu em lisergia,
só que mais
sutis.
Via seus vultos,
sentia que estavam
ali
por mim.
Quem sou eu?
Caçador
de mim e de
Wajxaqib’ Imox…
Ah, mas
muito mais
Que ainda
tá perdido.
Ah, Seu Julajuj
de AGORA,
que já vem
com meu próximo
ano.
Sankofa?
A caça é
pelas memórias
em nós
e de nós!
De coisas
escondidas
nos nossos corpos
que obrigam
encontros
que abram
portas mais
profundas
em ti.
Nós que faço,
desfaço.
Reviro
e novos nós,
velhos nós
tão ali pra
que sintas.
Realmente
se deu conta?
Eles já viram
Quantas
arte-flecha,
bruxarias
eu produzi…
Em tão pouco
tempo?
Minto, isto
digo pra ti.
Eles queriam
me ouvir,
seja sobre
o que for.
Pareciam esperar
uma aula minha,
enquanto tudo
que peço é o
fim da minha
espera.
Me ruborizo,
por uma fração…
Quem sou eu,
diante de vocês?
Ainda aprendo
a ouvir cada dia,
me despindo
de uma surdez
seleto-cognitiva.
Mas é como se
dissessem:
Grite três vezes
pra quem carregas
no pescoço.
O mais forte que possas…
Tive a presença
dispírito
de gravar…
Quando me vi
ator em um palco
que só tinha gente morta,
e deixei fluir…
Se eu ouvi o áudio?
É claro que não.
E o que eu gravo
em janela de conversa
é arquivo histórico…
Daqueles que
um dia
revisito. Afinal,
esperamos visitas.
Será que uma parte
morta
de você foi lá
me ver no palco,
por um momento?
Eu me angustio,
mas Nictheroy
agora parece
mais feliz.
E ser parte
de quem traz
felicidade
aos nossos
antepassaos,
preenche as cores
desta cidade…
Que te esperam.
Me fazem correr
do palco, daquele
(NÃO-)monólogo…
Que o conteúdo mesmo
foi dito
aqui-sem-dizer.
Corri direto àquele
gramado grandinho,
pra ritualizar
com pé na terra
e erês encarnados
correndo e dançando.
Foi também
confirmação
de que lá
atrás é nosso,
na frente também.
Lá dentro havia
agido rápido,
pra lá e pra cá,
com ferramentas
no pulso…
EPARREY OOOOOYAA
E Yansã levou
do teatro
o que quer que seja…
Não sem antes
terem ouvido
(y otras cosas)
bem a mim,
a Exú, Ogum
Yansã, Xangô…
PombaGira!
Nictheroy toda
é afroindígena!
É afropresença,
atelerió…
Das pessoas que
nunca deixaram de
estar aqui.
Ali, nós abrimos e
inauguramos o gramado
pro que viria o restudia.
E deixando o palco,
eu pude extravazar
E ATERRAR no verde
tudo aquilo que eu fiz
com Exú, com Yansã…
Por nós.
E eu sei lá
Que bruxaria
eu fiz…
Me digas tu,
Sankofa!
Varrendo aquela
direita-que-é-esquera…
Saravemos?
Lembrando de gente como Camila,
por meio de quem saúdo
Janaína, Atelerió,
Oráculo Veg(Ariany),
Noah,
Seu Julio Tavares,
Pericão,
MARCOS ROMÃO(!),
Palácio das Artes,
Baque Mulher,
Conexão Favela & Arte!
Salve os Morro
(Salve os Samba)
Salve a Santa
Salve Ela
Salve o Manto
Vrêmeibranco
VIRADela
VIRAdOURO
hoje é…
Swapassarela!
Salve Dandara, Zumbi,
Todos com nome,
sem nome.
Dizia Marcos Romão:
Nós vamos até
adonde
o racismo deixar…
(Quando a PM
massacrar nosso
povo, temos
de saber quando
recuar por nós)
Romão também foi o Exú que
conheço… Laroyê,
comunica como quem
pode dilareçar os problemas
e os inimigos
com a cabeça,
mas também
com corpos
presentes
hoje e sempre.
E ontem Exú disse
pra mim, pra Pericão:
o que teu tio falava…
Esse chamado coletivo,
essa força.
HOJE nós temos (EXÚ)
muito mais corpos brancos
na disposição da guerra,
pra também tar na frente
ajudando a expandir
nossos horizontes
pra TODAS-NOSSAS
gentes!
Afropresenças
e aquilombamentos
somos nós,
seres coletivos.
ATELERIÓ!
K’AMO 3X
LAROYÊ 3X
Sugestão de escuta:
https://yewtu.be/watch?v=7xzGxbK_w70